7 de dezembro de 2011

Didática B 2011/2 UFSC: trajetórias, desafios e boas conclusões!

E eis que com o fim do semestre letivo 2011/2, na Universidade Federal de Santa Catarina, é chegada a hora de concluir tão proveitoso recurso didático: o blog Ensino & Ensinamentos. E a conclusão, no entender deste aspirante ao trabalho docente, é mais que positiva.
As trajetórias percorridas na disciplina de Didática B foram de grande valia à minha formação, e aqui, quero reconhecer e deixar minha mais sincera gratidão a atenciosa professora Jane Bittencourt, pois, suas explicações contribuíram e muito em minha formação. Neste mesmo sentido, quero também agradecer aos colegas com quem tive mais direto contato acadêmico, sendo estes: Luís Guilherme Fagundes, Aline Gabriela Klauck, Júlia Farias Inácio e Lis Schumacher; assim, estendo minha amigável gratidão à todos os colegas de turma, tão boa turma!


Os desafios que se colocam são muitos, mas, a disciplina forneceu pertinentes suportes para - em linhas gerais - exercermos com mais firmeza a prática docente no devir.
Por fim, concluo que a disciplina de Didática B não encerra-se em si; pelo contrario, é o ponto de partida para uma instigante jornada pelo trabalho de ensinar... trabalho este tão laborioso, por vezes complexo, mas sempre compensador! Viva nós!!! :)

O planejamento didático ou a idealização do real

Planejar as atividades didáticas é antecipar de maneira sustentável o ensino. Dito isto, a questão do planejamento representa um importante recurso na prática docente, fornecendo subsídios para uma aula que objetive a qualidade do ensino e o bom aprendizado.  
Ao antecipar os conteúdos, ações e possíveis desdobramentos da aula, o professor obtém suporte e firmeza para executar seu trabalho, o que resulta em notáveis ganho nas relações escolares. No mesmo sentido, o planejamento também é a maneira pela qual o professor idealiza uma boa aula, notando com senso de realidade o contexto em que lecionará. 

Em suma, a importância do planejamento é incontestável na docência e, mesmo com o acúmulo de experiência, o professor deve sempre planejar e idealizar boas aulas. 

29 de novembro de 2011

A avaliação formativa e o planejamento didático: usos e reflexões

O uso de métodos avaliativos demonstram a necessidade de conhecimento e controle da turma por parte do professore. Porém, e notando tal atividade avaliativa em sua importância, é preciso observar os sucessos e malogros da prática avaliativa em sua utilização. Também, juntamente com tais questões avaliativas, o planejamento prévio de ensino constitui fundamental ferramenta para se projetar a prática docente, pois ajusta o ideal ao real no ensino.

As injustiças e imprecisões de certas avaliações refletem negativamente na aprendizagem do aluno, classificando-o e, consequentemente, excluindo-o. Para suplantar tais problemas na realização de provas, trabalhos e demais atividades avaliadas, o conceito de avaliação formativa possibilita melhorias neste processo. A partir de uma concepção construtivista, onde o aluno é parte integrante e ativa do sistema, os métodos de avaliação formativa contemplam todas as ações e empenhos do aluno na escolha de sua nota. Sendo assim, a nota não é apenas um resultado final e objetivo, mas sim o resultado de todo um fazer desenvolvido pelo aluno e avaliado pelo professor em suas diversas estâncias; ou seja, a avaliação formativa compreende a formação do aluno além de conceitos e notas, possibilitando seu ensino e aprendizado através de toda e qualquer forma de assimilação do saber de forma positiva. 
O planejamento, questão por vezes tão cara aos professores, é outra importante prática que merece reflexão.
Planejar uma aula é antever seus prováveis desdobramentos, podendo-se assim trabalhar com possibilidades concretas de ação. Neste sentido, é de grande valia produzir um plano prévio acerca do ensinamento em visão, notando que neste plano constam possibilidades a serem executadas no ensino, aproximadas à realidade da classe. Com o passar do tempo docente, tal plano imediato de aula pode cair em desuso devido a experiência acumulada, porém, o planejamento é quase que indispensável aos novos professores em sua atuação e em novos contextos e meios. O planejamento evita falhas, ou, na ocorrência destas, remedia-as. Assim, contendo planos de ações e guias para o ensino prático, o planejamento representa uma importante ferramenta no ensinamento, e seu uso, se não obrigatório, seria ao menos de alta esperteza e inteligência por parte do professor; afinal, planejar é antecipar, desenvolver e refletir acerca das próprias ações docentes, e só vem a trazer benefícios. 

18 de novembro de 2011

As novas didáticas propostas por Philippe Perrenoud

As novas didáticas propostas pelo sociólogo suíço Philippe Perrenoud, no âmbito do ensino/aprendizado, podem ser notadas pelos aspectos abaixo:
- Importância do aluno no aprendizado;
- Construção progressiva dos saberes e de saber-fazer;
- Receptividade da escola à vida;
- Respeito à diversidade;
- Autonomia da criança;
- Motivação; 
- Cooperação;
- Desenvolvimento da pessoa.
É válido lembrar que nem todos estes aspectos são considerados pelos professores, bem como esta lista é incompleta; porém, tais possibilidades no ensino permitem transpor as didáticas tradicionais e favorecem um ensino/aprendizado mais dinâmico e satisfatório.

#Referência:
PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

28 de outubro de 2011

O currículo em debate: ensino e problematizações através das teorias

As apresentações acerca das teorias de currículo*, além de socializarem as concepções básicas das principais correntes, propiciaram pertinentes problematizações do tema através de um profícuo debate.
Não pretendendo abordar os variados conceitos e conteúdos, e notando a forma proveitosa que tal conhecimento nos foi repassado, cabe-me aqui, particularmente, destacar dois pontos específicos e de grande valia para refletirmos o currículo; sendo:
- O capital cultural (Bourdieu);
- A teoria pós-colonialista.

 Seminários de Didática B | Profa. dra. Jane Bittencourt (org.)
 Universidade Federal de Santa Catarina | 2011/02 

A relação entre a escola e a economia, observada por Bourdieu, constitui-se em uma maneira de compreender o ensino/aprendizagem. Com base em uma análise marxista, Bourdieu observa a estreita relação entre a escola e a sociedade capitalista, favorecendo assim sua produção cultural dominante e reprodução desta. Ou seja, quando a cultura obtém um valor material e/ou simbólico, e este valor beneficia determinado grupo/indivíduo, essa cultura torna-se um capital cultural. Destaco então, recorrendo à apresentação do seminário sobre capital cultural, que o conhecimento e a consequente problematização desta questão no currículo representa um importante avanço no sentido de questionar a dominação internalizada que por vezes se opera no ensino - enquanto reflexo de uma classe capitalista dominante.
Outro assunto dentre os demais que me chamou atenção foi a Teoria Pós-Colonialista. Essa teoria reivindica a inclusão de formas culturais que refletem a experiência de grupos cujas identidades culturais e sociais são marginalizadas pela identidade européia dominante. A teoria pós-colonial é também um importante elemento na crítica dos currículos centrados no chamado cânon ocidental de cultura. Sendo assim, ao meu ver, sua importância consiste em questionar padrões pré-estabelecidos e contribuir em novas abordagens no ensino.
Por uma conclusão, atesto de minha parte os bons resultados que os seminários produziram na problematização e no debate acerca das teorias de currículo. Afinal, conhecer e questionar o currículo é enriquece-lo com novas perspectivas, sempre na intenção de sua constante melhoria.

* Tais apresentações ocorreram em duas partes, sendo a 1ª no dia 14 de outubro e a 2ª no dia 21 de outubro de 2011. In: Seminários de Didática B | Profa. dra. Jane Bittencourt (org.) | Universidade Federal de Santa Catarina | 2011/02.

26 de setembro de 2011

O currículo em (re)visão: singularidades regionais, projeto nacional ou a Nação projetada

A questão curricular nacional compreende não apenas o afã educador/cidadão da Nação, entre as possíveis abordagens, mas também, todo o caráter formativo, homogêneo e idealizador que o Estado procura produzir em seu território.
Partindo desta observação, coloca-se em debate o próprio eixo condutor do currículo nas redes de ensino: afinal, sua estrutura deve ser construída em âmbito nacional ou formulada conforme as especificidades de cada unidade da federação e/ou região? Evitando delongas, e com base em minha percepção acerca dos aspectos positivos e negativos de um currículo geral à Nação, argumento negativamente com relação a uma integridade nacional dos parâmetros do ensino.
No Brasil, as singularidades regionais são latentes e devem por excelência estar contidas nos currículos. É fato em nosso imenso país a multiplicidade de culturas que o compõem, e, assim sendo, nenhum currículo poderia valer-se de valores comuns para um projeto nacional na educação. Pois, reconhecer na educação as diferenças que existem em nossa Nação é dotar tais diferenças de sua peculiaridade e favorecer seu enriquecimento e melhor desenvolvimento em níveis culturais, identitários, sociais, entre outros.


Assim sendo nosso país, tão diverso como apresentado na imagem acima, pensar em um currículo nacional comum à todo território seria um empobrecimento desta plural e potencial Nação no campo da educação. Ou ainda, pretender um ensino sob os mesmos moldes para todas as unidades da federação e/ou regiões apresenta-se de forma incapaz e inaplicável, pairando apenas como um ideal de Nação projetada - questão esta tão cara ao Brasil desde sua Independência.
Por fim, creio que o Governo - enquanto tutor dos planos de educação - pode e deve organizar bases comuns ao ensino no país, pois compreendo que gerenciar a educação constituí sua tarefa enquanto aglutinador dos interesses nacionais. Porém, deve também flexibilizar esses parâmetros para uma adaptação, quando necessário, em cada nível geo-político. Então, e neste sentido concluindo a defesa por um currículo personalizado, faz-se reflexiva a afirmação de que 'o brasileiro não é burro, só é ruim em matemática. Tenta somar polenta e vinho com feijoada e aguardante e encontrar como resultado um número natural'.

20 de setembro de 2011

O currículo em minha escolarização: por uma análise a posteriori

Em meio aos estudos que ora desenvolvo com relação as concepções de currículo através do tempo, faz-se necessário uma 'auto-análise' acerca de minha própria experiência escolar neste sentido.
Na pequena cidade de Anita Garibaldi, na Serra Catarinense, entre os anos de 1997 e 2008 fiz meus estudos na Escola de Educação Básica Padre Antônio Vieira, primeiramente conduzida por religiosas e logo após assumida pelo Governo do Estado. Interessa-me apontar aqui que, a despeito e inúmeras limitações, avalio positivamente o ensino desta instituição, bem como seu caráter humanizador. 
Com relação a minha percepção, a posteriori, acerca do currículo ao qual estive submetido em minha formação escolar, observo um viés tradicional e, por vezes crítico, a nortear a prática do conteúdo/ensino. Noto que os conteúdos continham - e podem ainda conter - percepções ultrapassadas e por vezes combatidas por uma nova visão crítica e pós-crítica, principalmente no tocante às ciências humanas. Mesmo possuindo materiais adaptados aos novos apontamentos 'científicos', diversos assuntos eram tratados de maneira acríticas e até baseados no senso comum. Senso comum este permeado pelo imaginário coletivo de uma sociedade com padrões conservadores, típicos de uma cidade de pequeno porte.
Porém, na prática do ensino, no fazer criativo, percebo que muitas vezes as teorias críticas guiavam as ações da Escola. Nem sempre as aulas se davam de forma tradicional/hierarquizada, e havia inúmeros momentos de dinamismo  e mesmo liberdade aos alunos. Abaixo, a título de ilustração, segue uma fotografia de uma situação escolar onde nós, os alunos, produzimos de foram dinâmica uma percepção sobre a Natureza bem como sua preservação.  

Apresentação teatral acerca da preservação da fauna e da flora
Alunos do 3º Ano do Ensino Médio
Salão Nobre da Escola de Educação Básica Padre Antônio Vieira
Anita Garibaldi - SC - 2008

Percebo então uma permanência tradicional no ensino, uso da crítica quando conveniente e resistência aos modelos pós-críticos atuais em minha escolarização. O fato justifica-se pelas questões étnica, multiculturalista, pós-colonialista, e de gênero, entre outras. Por ser uma terra de colonização italiana, noto - e mesmo já notava - a exclusão imediata dos demais elementos que compõem a população escolar; por estar e escola imersa em uma cultura, ela cumpria um papel legitimador da mesma bem como propagador, não favorecendo 'opções' corretas fora deste padrão; por ser o ensino brasileiro herdeiro de correntes educacionais exteriores, não houve em minha escolarização o intento de otimizar uma 'produção própria', ou, pelo contrário: o padrão europeu era de fato o desejado; por estar a escola permeada dos valores de uma cidade pequena, o preconceito aos 'desvios' do padrão biológico de sexo eram notados negativamente, e reprimidos de modo geral. Mas, e fazendo um contraponto ao sistema tradicional de ensino que observo em minha escolarização, destaco que o Ensino Médio no qual estudei favoreceu positivamente em incontáveis sentidos a minha vivência pós-escola. Afinal, o fato de uma Escola não estar atrelada a simplificação do ensino para o vestibular contribuiu para uma percepção mais humanitária aos conteúdos e um aprendizado espontâneo para uma real utilidade; ensino humanitário este tão necessário em muitas escolas 'modelos', que sob uma teoria dita  'super-hiper-mega moderna e criticamente crítica', produzem e reproduzem alienados... alunos estes que, sendo carros em uma linha de produção, com certeza não estariam nem na fábrica de Henry Ford.